
Mesmo com os avanços na regulamentação das apostas esportivas no Brasil, um dado chama atenção: segundo Rafael Marcondes, presidente da Associação Brasileira de Fantasy Sports (ABFS), metade de todo o dinheiro movimentado nesse setor ainda circula no mercado ilegal.
A afirmação foi feita durante entrevista recente e reforça a necessidade de mais atenção por parte do poder público.
Marcondes defende que o Ministério da Fazenda e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) intensifiquem o monitoramento e atuem de forma mais contundente para reduzir esse cenário de informalidade.
Falta de fiscalização favorece o mercado ilegal
De acordo com o presidente da ABFS, o mercado ilegal se aproveita da demora em algumas medidas práticas e da falta de fiscalização.
Mesmo com a exigência de licença oficial para operar no Brasil desde janeiro de 2025, ainda há muitas plataformas que continuam atuando sem autorização.
Além de prejudicar a arrecadação do governo, esse ambiente pouco controlado representa um risco para os apostadores. “Essas plataformas irregulares não seguem os protocolos de segurança, jogo responsável e proteção de dados”, alertou o especialista.
A estimativa é de que o setor formal já tenha arrecadado mais de R$ 3 bilhões apenas nos primeiros meses de 2025. Contudo, com metade do dinheiro indo para o mercado ilegal, esse valor poderia ser muito maior se todo o sistema estivesse regulado e operando de forma transparente.
Tributação em debate e o impacto para o setor

A declaração de Marcondes foi acompanhada de um posicionamento crítico em relação ao aumento da carga tributária.
Em um manifesto assinado por seis associações do setor, incluindo a própria ABFS, as entidades alegam que a proposta do governo federal de elevar a alíquota de 12% para 18% sobre a receita das apostas é considerada “injustificável”.
Enquanto o Ministério da Fazenda estima arrecadar R$ 1,98 bilhão com esse ajuste entre 2025 e 2026, as associações argumentam que o setor, mesmo com a atual tributação, já projeta uma contribuição superior a R$ 4 bilhões em tributos e encargos sociais só em 2025.
O temor é que, com a elevação dos tributos, parte dos operadores opte por migrar novamente para o mercado ilegal, onde os custos são mais baixos e o controle quase inexistente.
Isso acabaria enfraquecendo os esforços recentes de regulamentação e prejudicando o desenvolvimento sustentável do setor.